Um café com Nanã Sousa Dias

A Internet tem tantas coisas quanto más, no contexto da fotografia, grande parte das imagens que vemos hoje em dia por aí são lixo, e as redes sociais são invadidas constantemente por discussões medíocres sobre equipamento. 
 
Ainda bem que a exceção confirma a regra; conheci o Nanã Sousa Dias por uns artigos que ele escreveu, vi algumas fotos e foi amor à primeira vista. Quase que arrisco dizer que Nanã Sousa Dias está para a Ericeira como o Clyde Butcher está para os Everglades.

 
A conversa durou um café, o Nanã falou das razões porque continua a fotografar com película, aqui fica um resumo:
 
 
Continuo a preferir o sistema analógico ao digital para a fotografia em preto e branco, por várias razões.
 
A primeira prende-se com a questão da gama dinâmica. Na película negativa de preto e branco, a gama dinâmica é bastante superior, conseguindo-se obter muito mais detalhes, desde o preto puro ao branco puro.
 
Outra vantagem da película de P&B é o facto de se poder alterar ou manipular o contraste do negativo, através da medição de luz e utilização do Sistemas de Zonas e consequente contracção ou expansão do tempo de revelação da película.
 
Isto pode ser utilizado apenas para correcção do contraste mas, também pode ser utilizado para fins artísticos ou conceptuais.
 
O Sistema de Zonas, quando bem aplicado, sobretudo nos fotogramas de maiores dimensões, como é o caso do médio e grande formatos, permite um grau de precisão superior ao de um histograma apresentado nos LCD das máquinas digitais.
 
Outra vantagem das películas analógicas é o facto de existirem em sensibilidades muito baixas, tais como 20 ISO, o que é uma enorme vantagem para a fotografia de Paisagem, por exemplo, quando se pretende utilizar velocidades de obturador muito baixas, mantendo, simultaneamente, uma abertura de diafragma pequena, com o intuito de aumentar a profundidade de campo, isto, mesmo em pleno dia, sem ser necessário recorrer a filtros de densidade neutra, principalmente, nas máquinas de grande formato, que utilizam lentes com aberturas mínimas de f64, f90 e até mesmo f260.
 
Uma outra vantagem da película é o facto de qualquer máquina analógica mecânica, poder utilizar películas infra-vermelhas.
 
O facto de existirem variadíssimos tipos de películas de P&B no mercado, com características diferentes, é também uma mais-valia em termos de constraste, grão e comportamento relativamente à representação das cores, em gamas de cinzentos, diferentes de película para película.
 
Também a ampliação tradicional, em papel de fibra baritado ainda não tem rival, quanto ao resultado final.
 
Uma outra vantagem, actualmente, são os baixos preços de equipamentos de topo, no mercado de usados, o que torna o sistema analógico num produto atractivo, para quem pretenda dedicar-se à fotografia Fine Art.
 
 
Algumas fotografias por Nanã Sousa Dias:
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Nanã Sousa Dias foca-se principalmente na fotografia de paisagem, retrato, nu em estúdio e fotografia urbana, maioritariamente a preto e branco. É seguidor do Sistema de Zonas, criado por Ansel Adams e Edward Weston, imprime os seus trabalhos em laboratório convencional e é um amante da fotografia “Fine Art”, médio e grande formato. Ao longo dos últimos anos tem participado em vários sites dos Estados Unidos, Brasil, Rússia, Dinamarca, Alemanha e Portugal, tendo recebido numerosos prémios e distinções. Alguns dos seus trabalhos já foram publicados em revistas nacionais e estrangeiras, bem como em livros técnicos, distribuídos em todo o mundo por uma conceituada editora de livros e revistas de fotografia. Dá regularmente workshops de câmara escura e fotografia de paisagem.
 

 

O portfolio de Nanã Sousa Dias pode ser visitado em www.nanasousadias.com
 
 
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